quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O SONHO AINDA NÃO ACABOU

Tenho assuntado os acontecimentos culturais e políticos da minha cidade e do país desde a adolescência, ativamente participava dos movimentos estudantis, das primeiras manifestações em prol da vitória de Lula Presidente e de um respectivo representante local a altura dos nossos anseios, era um ato de sentimento verdadeiro, inocente e impulsionado pelo desejo de mudanças urgentes. Na antiga casa onde morei na comunidade rural Olho D’àgua existe até hoje o símbolo resistente do PT pintado por essas frágeis mãos sonhadoras, junto à estrela reluzente pulsava anseios de uma juventude carente de tudo e principalmente de arte. Até o final dos anos 90 vivenciava ainda o radicalismo característico do sonho socialista com unhas e dentes. A começar pelo exemplo municipal a sigla intocável do partido começou a ser tocada pela raposa do neoliberalismo, vieram às inexplicáveis alianças, a morte lenta da verdadeira essência e os manifestos apaixonados dos seus grêmios repartidos em muitas convergências. O Brasil caminhava para ter primeiro presidente gerado no berço do povo, a mesma façanha em outras proporções se configurava em nosso lugarejo palmeiroso, a forma de conduzir o barco foi navegada em mares de Dante, lamentavelmente perdemos a orientação do farol e continuamos até hoje à deriva no mar das incertezas. Perdemos área territorial, o cheiro do mangue, a caatinga, as carnaubeiras, o fio da meada, o cume do sobrado, o sonho de cera, a comunhão das festas, os velhos amigos e a firmeza motivacional de tudo que havia sido prometido com firmeza nas praças. Temos neste exato momento nas mãos o poder de decidir algo muito mais abrangente, a eleição é para presidente, prefeito é somente em 2012. Chego à conclusão de como é difícil para algumas pessoas votarem por um ato meramente ideológico e interesses particulares não levados em conta, sempre prezei pela liberdade do meu voto. Se formos alimentados pelo drama dos desafetos locais correremos o risco de derramarmos o gás do candeeiro no meio da sala de concerto. Votar em Dilma é darmos mais uma chance ao que há de bom no governo federal, para que o sistema nacional de cultura seja implantado, para que os editais continuem sendo acessíveis a todos os artistas, para que bancos e empresas continuem destinando orçamento para projetos que reforçam a educação através da arte Precisamos enxergar com mais clareza e separar bem direitinho o joio do trigo, vislumbrar com mais responsabilidade o futuro, alargar nossa visão de mundo, de sentimento solidário e despertar histórico. Votar na primeira mulher para presidente é a aposta mais certeira nesta ocasião. É hora de somar cada voto e virarmos mais uma página da história do nosso país.

Zelito Coringa – Artista Potiguar

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