sábado, 11 de agosto de 2007

UM RIO FEDERAL


Zelito Coringa (*)

O Rio Açu nasce na serra de bongá na divisa da paraíba com o Ceará, percorre grande parte do torrão paraibano, é conhecido por lá de Piranhas, atravessa todo o Estado Potiguar, e aqui é conhecido simplesmente como Rio Açu. Passou a ser totalmente perene após a construção da "Barragem Armando Ribeiro Gonçalves" - Inaugurada em 1984.
Ouviu-se de olhos apitombados e os braços cruzados de muitos populares, as promessas fabulosas do desenvolvimento que chegaria a esta região riquissima. Assim que o fechamento das comportas de concreto da grandiosa represa abrisem: Dado pelo corte da fita inaugural das autoridades e estudiosos proféticos da época.
Haveria finaciamentos, eletrificação rural com baixos custos, implementos agrícolas, capacitação e com direito a muita pabulagem e lorota nas pontas de calçadas do puxaquismo.
Fui menino que pinotava da barreira da crôa ao leito do rio olho d'água, este ainda perene, mergulha feito piaba tonta, e naquela meninice não imaginava que as águas do Piranhas ficassem presas e acabasse a diversão dos pobres inocentes sem diversão como eu. Dizem que hoje é grande a geração de empregos e apoio aos pequenos produtores rurais. Na verdade resta uma larga lingueta de rio, sem a proteção das oiticas, das canafístilas e de toda vegetação nativa. Enfim, está morrendo de poluição e à mingua. A doença ninguém descobriua vacina e o vírus chamado apoderamento do que é nosso, migra de terra em terra, principalmente se o solo for rico em nutrientes e as leis ambientais forem dissimuladas. E isso é o que atraiu empresas de camarão, de banana, melão, e logo uma verdadeira salada de frutas tropicais com mariscos frescos são ofertados em notas verdes que confundem os beradeiros. Inté mistura de manga rosa com palmito branco já foi exportada para o estrangeiro. E quem está sofrendo de dor de barriga aqui? São os ribeirnhos indefesos. É o nosso Rio Açu. Este nem sequer sabe da sua patente de leito federalizado e pasteurizado de poluentes.
É perigoso aos que resistirem a essa matança oficializada. Ouve um tempo na região que os coronéis vestiam-se de cordeiros e atribuiam a maldade aos justiceiros. Hoje tudo parece invisível aos olhos das autoridades. Não há mais Manoel Torquato com seu sindicato do Garranho, Lampião com o seu bando de saquedores, nem o fantasmo do comunismo, nem a ilusão de nem um ismo. Agora é questão de sobrevivência humana e solidariedade aos que já quebraram seus potes de água e agrotóxicos.
E quem paga a conta do consumo potável das irrigações gigantes? Será que é somente o povo quando abre a torneira que tem o direito de pgara aconta? De quem é o dever de cuidar das nossas fontes?
O prefeito, o vereador do povo, o deputado doido, o senador dominhoco, o cidadão consciente, o inconsciente louco, os poetas, os escritores vssionários, os meninotes que lavam suas motos e mijam o álcool do último porre no leito sujo dorio? e os lenhadores da carnaubeira que se encondiam embaixo dos ternos com proteção dos governos? Quem sabe dizer o que é mata ciliar nas margens deste rio que vem morrendo lentamente, e as nossas carnaubeiras até quando sobreviverá ao poder das máquinas?
- Quem disse isso para nós foi um cabra metido a ecológico das bandas dos carnaubais, e eu na escutação da conversa esqueci de gravar seu nome no papel.
- E asssim vale dá esse grito em forma de aboio solidário e afirmar que somos varzeanos nascidos na mesma margem.


O Autor do Texto é Músico e Cantador, natural de Carnaubais/RN









2 comentários:

Erica Maria disse...

muito bem,senhorito!!
muito bonitas palavras...
quero poder conhecer tb as fontes,a carnaúba,a vida.
quero borboletar por lá..
antes que se vá.
beijão!

Unknown disse...

Muito bom poder me servir de poesia assim...
E de repente virar musa e virar canção...
Beijo Zelitto!!!!

Você é massa!!!!!