segunda-feira, 21 de abril de 2008

O PEIXINHO DE ÁGUA DOCE E A BORBOLETA DA MARÉ



Zelito Coringa (*)

Não pude pressentir o que estava por acontecer,
Solto no aquário imerso do desejo, não pude imaginar se era bobagem.
O peixinho de água doce se apaixonar e voar no leito de sonhos.
Despertar Dona Coruja em plena madrugada para pedi socorro de amor.
A pobre senhora dormia na cumeeira de um sobrado antigo e quase caiu de medo.
Cansada dos seus afazeres noturnos e sabidos.
Perguntou-lhe em plena insônia.
- Que fazes aqui fora d’agua?
- Vim aqui para perguntar se posso sair das profundezas abissais,
e nadar no seco atrás de uma bichinha de asas coloridas?
- Entre o murmúrio do vento na orla dos pesadelos,
e o pancadão de uma Rave na inquietude da noite embalada do cais,
Respondeu-lhe gritando ao ouvido das águas oceânicas e não fluviais.
- Se acreditares que é possível alguém do nada,
Amar alguém do ar, nada de errado meu peixe!
Todo o risco é feito gota de vento e onda.
Peixinho pode piscar o olho para o seco e jogara a isca.
Quem sabe essa rapariga não chegue mais perto do seu espelho d’água,
E caia de boca no seu beijinho doce de água de pote.
- E o bichinho foi navegando atrás da sua tela de cristal líquido para enxergar cada vez mais fundo as suas ilusões friamente.
Perguntou ao seu irmão golfinho, como fazer cambalhota, como mudar a rota de um veleiro, como ser cavalheiro, como ter gentileza e tal.
Tomou emprestado o olho do boto, que abobado espiou a lua prateada por madrugadas inteiras.
E nada viu da borbuleta e nenhuma das fases da lua..
Viu o corpo, as suas asas, o codinome e os olhos de pérolas, mas, não era de quem voava, era de quem nadava, que nadava, que nadava, que nadava vencendo as pedras. Disse: Aqui não peixe isso é moréia e feia.
Logo adentrou em sonhos a mata e perguntou ao Coelhinho ligeiro!
Que disse sem piscar a retina rósea: Respondeu-lhe: Milhas, e milhas, e milhas,
e verdades ligeiras têm para seguir meu bagre de água doce.

*O autor é Músico, Poeta e amigado com a natureza

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